PAU BRASIL: Prefeitura suspende projeto “Pau Brasil Acolhe” após parecer jurídico: uso de escola pública para hospedagem levanta debate

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Decisão expõe dilemas legais e éticos sobre a utilização de espaços públicos educacionais como meio de arrecadação em eventos festivos 

A Prefeitura Municipal de Pau Brasil anunciou oficialmente a suspensão do edital do projeto “Pau Brasil Acolhe”, que previa a oferta de hospedagem temporária a foliões durante a Micareta 2025 em salas de aula do Centro Educacional Maria Santana. A medida veio após análise da equipe jurídica, que apontou inconsistências legais na proposta — especialmente no que diz respeito à viabilidade de utilizar uma escola pública como espaço de hospedagem mediante cobrança de valor simbólico.

O projeto, inicialmente divulgado como uma solução criativa para suprir a limitada rede de hospedagem da cidade, propunha acomodar caravanas e foliões em 14 salas da escola municipal, oferecendo estrutura básica de segurança, banheiros e climatização por R$200,00. A proposta foi anunciada com entusiasmo nas redes oficiais da prefeitura e do setor de turismo, destacando a acessibilidade e acolhimento aos visitantes.

Contudo, a repercussão não foi unânime. Críticas surgiram quanto ao uso de um equipamento público educacional — com finalidade constitucionalmente definida — para fins comerciais temporários. Especialistas e parte da população questionaram a legalidade de tal medida, considerando que a destinação pedagógica dos espaços escolares não permite, salvo previsão legal específica, sua utilização como fonte de renda municipal, mesmo que em caráter emergencial ou simbólico.

A suspensão do edital representa uma correção de rota necessária e demonstra a importância da consulta jurídica prévia em políticas públicas inovadoras. Embora o projeto tenha apresentado boa intenção — promover turismo, movimentar a economia e garantir acolhimento — sua execução sem o devido respaldo legal poderia trazer consequências ao erário e à gestão pública.

A decisão também levanta uma discussão mais ampla: até que ponto é ético e juridicamente aceitável monetizar estruturas públicas para compensar carências estruturais de uma cidade? E mais: como garantir que políticas bem-intencionadas não descumpram os princípios da administração pública, como legalidade, impessoalidade e moralidade?

A Prefeitura de Pau Brasil sinalizou que está revisando a proposta e buscará alternativas mais seguras e legais para garantir a hospitalidade durante seus eventos festivos. A expectativa é de que as futuras ações considerem não apenas o apelo popular, mas também os limites impostos pela Constituição e pelas boas práticas da gestão pública.

Veja a nota oficial na íntegra que foi compartilhada no instagram oficial da Prefeitura de Pau Brasil e compartilhada nas redes sociais