PAU BRASIL: Conflito entre vereadores expõe tensão e disputas internas na Câmara

POLÍTICA

Sessão acalorada teve trocas de farpas entre parlamentares, com acusações de hipocrisia, autoritarismo e falsas alianças

 

A sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Pau Brasil, realizada no dia 3 de junho de 2025, expôs de forma clara as tensões internas e disputas de poder entre os parlamentares da Casa Legislativa. Ao longo de mais de três horas de pronunciamentos, a tribuna se transformou em um campo de embates verbais marcados por desconfiança, acusações de hipocrisia e disputas por protagonismo político.

Um dos momentos mais intensos partiu do vereador Nego Elder, que usou o microfone para criticar duramente a postura de alguns colegas e acusar de falsidade os que, segundo ele, se posicionam de forma dúbia:

“Eu me dou com tudo. Me dou com a falsidade, com a sinceridade. Mas em todos os dias eu terei Deus. Eu não sou hipócrita. Se eu tiver raiva, eu não entro na sala. Eu não aprendi a ser falso.”

Elder também reagiu às críticas que vinha recebendo, mencionando diretamente a vereadora Brenda Araújo ao falar sobre um mal-entendido envolvendo informações sobre o índice de pessoal da Prefeitura:

“Eu agi do chamado ‘corpo aberto’. Eu conheço com o que tô mexendo. Jamais apoiaria 80% de índice de pessoal. Mas não vou fazer jogo. Eu perguntei ao contador Carlos, porque a Brenda estava dizendo que o índice estava estourado. E eu fui conferir. Não sou irresponsável.”

A vereadora Brenda respondeu à altura, reafirmando sua função de fiscalização e alertando para tentativas de silenciamento:

“Eu não aceito que nenhum colega tente me calar. Eu fui eleita, reeleita, e tenho o direito de fiscalizar. Nunca defendi erro da gestão passada, e não vou defender erro da atual. Estou aqui para apontar o que está errado, doa a quem doer.”

Mas o momento mais polêmico da sessão envolveu o presidente da Casa, o vereador Acácio, que respondeu diretamente às ofensas proferidas por um cidadão identificado como em grupos de WhatsApp. Em seu discurso, Acácio demonstrou estar pessoalmente magoado com o teor das mensagens e disse, textualmente:

“Eu poderia, com as suas palavras, entrar com uma ação na Justiça contra você, ou até mesmo perseguir o seu filho que trabalha na SESAI. Tô falando isso aqui de coração, de forma espontânea. Mas eu não sei agir assim, não, Jó.”

A fala provocou silêncio no plenário. Embora tenha declarado que não irá agir dessa forma, o trecho evidenciou o nível de desgaste e de tensão emocional presente entre os representantes e parte da população.
Acácio prosseguiu criticando a atitude do cidadão:

“Se fosse eu lhe chamando de urubu ou de alguma coisa racial, eu estaria hoje sofrendo um processo. Mas você me compara com uma coisa que só urubu come? Isso jamais. Eu não tenho preconceito com ninguém, nunca destratei ninguém. Agora, você ir para grupo de WhatsApp e dizer que eu sou pior do que um peido? Isso jamais.”

Além disso, o vereador ressaltou que, embora tenha meios políticos de prejudicar, prefere não agir por vingança:

“Ali na SESAI, se o político for forte, consegue derrubar qualquer um. Mas não vou fazer isso. Eu até pensei em mostrar que não se brinca com coisa séria, mas não vou. Só peço respeito.”

Essas declarações ampliaram o debate sobre os limites da crítica pública, o uso do poder político e a relação entre vereadores e a população nas redes sociais. Também levantaram uma reflexão importante: seria ético um representante do povo cogitar o uso de sua influência política para prejudicar um servidor público como forma de retaliação pessoal? Ainda que o vereador Acácio tenha afirmado que não tomaria tal atitude, a simples menção dessa possibilidade acende um alerta sobre o risco de abuso de poder e práticas que ferem os princípios da impessoalidade e moralidade na administração pública.

Com falas exaltadas, a sessão demonstrou um clima de instabilidade política entre os próprios parlamentares. A vereadora Brenda sintetizou a função do Legislativo com um tom de alerta:

“A Câmara é a caixa de ressonância do povo. Se tem algo errado, o povo fala com a gente. E se o prefeito quer saber o que está acontecendo, ele precisa ouvir os vereadores. Aqui não tem bajulador, tem fiscal do povo.”

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