Fábrica da BYD na Bahia vira alvo de denúncia por exploração de trabalhadores

JUSTIÇA

O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com uma ação civil pública contra a montadora chinesa BYD nesta terça-feira (28). A empresa é acusada de manter trabalhadores em condições semelhantes à escravidão e de envolvimento com tráfico internacional de pessoas.

Segundo o MPT, em dezembro do ano passado, 220 trabalhadores chineses foram encontrados nessa situação durante a construção da fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia. Eles teriam sido trazidos de forma irregular ao Brasil com promessas de trabalho que não foram cumpridas.

O MPT pede que a BYD e duas empreiteiras contratadas — China JinJiang Construction Brazil e Tonghe Equipamentos Inteligentes do Brasil (atualmente chamada de Tecmonta) — paguem pelo menos R$ 257 milhões em indenizações.

De acordo com o subprocurador-geral do MPT, Fabio Leal, as negociações com as empresas começaram no fim de dezembro, mas não houve acordo. Ele informou que os trabalhadores já voltaram para a China e, se houver pagamento, ele será feito no exterior, com comprovação por parte das empresas no Brasil.

Leal afirmou que ainda há chance de acordo, mas agora isso depende da mediação do tribunal. “Nossa ação está bem fundamentada, com muitas provas reunidas durante a investigação”, declarou.

Procurada pela imprensa, a BYD ainda não se pronunciou.

O valor cobrado pelo MPT inclui indenização por danos morais individuais de até 21 vezes o salário combinado, além de um salário por dia trabalhado. Também há pedidos de pagamento de verbas rescisórias e uma multa de R$ 50 mil para cada irregularidade, multiplicada pelo número de trabalhadores afetados.

Hoje, a BYD é a maior montadora chinesa no Brasil, com 30.156 carros vendidos nos primeiros quatro meses do ano — um aumento de 37% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a Fenabrave (associação de concessionárias).

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