Desaprovação do governo Lula atinge maior nível desde o início do mandato
A desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcançou o pior índice desde o início do mandato, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (2). O levantamento mostra que 56% dos brasileiros reprovam a gestão, enquanto 41% aprovam. Outros 3% não souberam ou não responderam.
Pelo segundo mês consecutivo, a desaprovação supera a aprovação. Desta vez, a diferença entre os dois índices ultrapassou a margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais.
Comparado a janeiro, o índice de desaprovação subiu 7 pontos percentuais (de 49% para 56%), enquanto a aprovação caiu 6 pontos (de 47% para 41%).
A piora na avaliação do governo acompanha o aumento da percepção de que o país está no caminho errado e que a economia piorou. Em janeiro, 50% achavam que o Brasil seguia na direção errada. Agora, são 56%. Já os que acreditam que o país está no rumo certo caíram de 39% para 36%.
No campo econômico, a insatisfação também cresceu. A parcela da população que acredita que a economia piorou nos últimos 12 meses subiu de 39% para 56%. Já os que dizem que a situação melhorou caíram de 25% para 16%. Para 26%, nada mudou (eram 32% em janeiro).
Entre os principais motivos citados para essa avaliação negativa estão o aumento no desemprego (53%), alta nos preços dos alimentos (88%), combustíveis (70%) e contas de água e luz (65%).
Medidas do governo não têm revertido cenário negativo
Diante da queda na popularidade, o governo federal tem adotado medidas para tentar reverter a situação, como a liberação de recursos do FGTS, o novo crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada e ajustes no programa Minha Casa, Minha Vida. Também aposta na isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, prevista para 2026. No entanto, até o momento, essas ações não têm surtido efeito na opinião pública.
Nordeste também registra pior avaliação
A região Nordeste, tradicional reduto petista, também registrou queda na popularidade de Lula. A desaprovação subiu de 54% para 61%, enquanto a aprovação caiu de 44% para 35%.
Nas demais regiões, a rejeição também bateu recordes: no Sudeste, 60% reprovam o governo, e 37% aprovam. No Sul, a desaprovação chegou a 64%, contra 34% de aprovação.
Mulheres e jovens ampliam críticas ao governo
Pela primeira vez, a maioria das mulheres passou a reprovar o governo: a desaprovação subiu de 47% para 53%, e a aprovação caiu de 49% para 43%.
Entre os jovens, a desaprovação também cresceu de forma expressiva, passando de 52% para 64%. Apenas entre os maiores de 60 anos a aprovação ainda é maior (50%) do que a reprovação (46%). Entre os que ganham até dois salários mínimos e pessoas com ensino fundamental incompleto, a aprovação segue superior à reprovação.
Violência lidera preocupações da população
A violência aparece como a principal preocupação dos brasileiros, citada por 29% dos entrevistados — aumento de 3 pontos em relação ao mês anterior. Em seguida vêm a economia (19%), saúde (12%), corrupção (10%) e educação (7%).
Para maioria, este é o pior mandato de Lula
A pesquisa revela que 53% dos entrevistados consideram que este é o pior mandato de Lula, contra 45% em janeiro. Apenas 20% avaliam este governo como melhor que os anteriores — eram 32% no início do ano.
Pela primeira vez, o governo Lula é considerado pior do que o de Jair Bolsonaro por 43% dos entrevistados. Outros 39% acham que a gestão atual é melhor.
Opiniões divididas sobre medidas e comunicação
Sobre a isenção do imposto de importação para 11 alimentos, 48% acreditam que a medida pode reduzir os preços, enquanto 45% acham que ela não terá efeito.
A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 é vista positivamente por 51% dos entrevistados, embora a maioria considere que o impacto será pequeno. Para 33%, a medida trará melhora significativa.
A percepção pública também é afetada pela comunicação do governo: 47% dizem ver mais notícias negativas sobre Lula, contra apenas 23% que veem reportagens positivas. A troca de Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira no Ministério das Comunicações não gerou efeito perceptível para 44% dos entrevistados.
Além disso, 50% acham que as aparições públicas do presidente prejudicam sua imagem.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa foi realizada entre os dias 27 e 31 de março, com 2.004 entrevistas presenciais com brasileiros de 16 anos ou mais. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.