Banco Central aumenta a Selic para 14,25% ao ano

O Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (19.mar.2025), chegando a 14,25% ao ano. A decisão foi unânime e leva os juros ao mesmo nível de 2016, quando Dilma Rousseff (PT) enfrentava um processo de impeachment.
A última vez que a Selic esteve acima desse patamar foi em agosto de 2006, quando chegou a 14,75%, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O que é a Selic e por que ela subiu?
A Selic é a taxa que serve de referência para empréstimos e financiamentos no Brasil. Quando ela sobe, o crédito fica mais caro, reduzindo o consumo e ajudando a controlar a inflação.
O Banco Central já havia sinalizado esse aumento após a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) em janeiro. O mercado financeiro já esperava essa decisão.
Para maio, o Banco Central indicou que pode haver um novo aumento, mas menor que 1 ponto percentual.
Decisão unânime
Todos os diretores do Banco Central concordaram com o aumento da Selic. A última vez que houve divergência foi em maio de 2024, quando os indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo presidente Lula discordaram, o que gerou instabilidade no mercado.
Inflação no alvo
O principal objetivo do aumento da Selic é conter a inflação. O Banco Central busca manter a taxa dentro da meta de 3%, com margem de até 4,5%.
Atualmente, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 12 meses está em 5,06%, acima do limite permitido. Isso acionou o alerta no Banco Central.
Brasil tem um dos maiores juros do mundo
O Brasil tem a quarta maior taxa de juros reais do mundo, com 8,79% ao ano, segundo o economista Jason Vieira. O país fica atrás apenas de Turquia, Argentina e Rússia.
O papel do Copom
Criado em 1996, o Copom define os rumos da Selic. Ele é formado pelos diretores do Banco Central e seu presidente, Gabriel Galípolo, que está no comando desde o final de 2024.
Havia dúvidas no mercado sobre Galípolo, pois Lula criticava os juros altos. No entanto, ele reforçou o compromisso com a independência do Banco Central e manteve uma política de aperto monetário.
Autonomia do Banco Central
Desde 2021, o Banco Central tem autonomia, com mandatos fixos de quatro anos para seus diretores. Em 2024, três mandatos se encerraram e foram substituídos por indicados do governo Lula, incluindo o próprio presidente do BC, Gabriel Galípolo.
Este é o primeiro ano desde a aprovação da autonomia em que o governo atual tem maioria no comando da instituição.
Histórico recente da Selic
Veja as últimas decisões sobre a taxa de juros:
- Ago/2023 – 13,75% → 13,25%
- Set/2023 – 13,25% → 12,75%
- Nov/2023 – 12,75% → 12,25%
- Dez/2023 – 12,25% → 11,75%
- Jan/2024 – 11,75% → 11,25%
- Mar/2024 – 11,25% → 10,75%
- Mai/2024 – 10,75% → 10,50%
- Jun/2024 – 10,50% (sem alteração)
- Jul/2024 – 10,50% (sem alteração)
- Set/2024 – 10,50% → 10,75%
- Nov/2024 – 10,75% → 11,25%
- Dez/2024 – 11,25% → 12,25%
- Jan/2025 – 12,25% → 13,25%
- Mar/2025 – 13,25% → 14,25%
O Banco Central seguirá monitorando a economia para definir os próximos passos da política monetária.