Evento reuniu autoridades, artistas e representantes culturais para discutir a aplicação dos fundos da Lei Aldir Blanc e o fortalecimento da cultura local.
Na última audiência pública realizada no município de Pau Brasil, autoridades, artistas e representantes culturais se reuniram para debater a destinação dos recursos da Lei Aldir Blanc e outras políticas voltadas para o fortalecimento da cultura local. O evento teve a presença de figuras importantes da gestão pública e do setor cultural, reforçando a necessidade de uma distribuição equitativa dos recursos destinados às manifestações culturais.
Principais Discussões e Participantes
O evento contou com a participação de diversas autoridades, como Lucineide Barbosa (Secretária de Educação e Cultura), Sara Prado (diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia – Funceb), Vítor Barreto (coordenador de sistemas de cultura do estado), além de representantes da comunidade indígena.
Um dos principais pontos abordados foi a necessidade de implementação do Sistema Municipal de Cultura, que envolve a criação de um fundo específico, um conselho municipal e um plano de cultura para garantir a continuidade dos investimentos e a transparência na distribuição dos recursos.
Recursos e Transparência na Aplicação
A diretora da Funceb, Sara Prado, destacou que a Lei Paulo Gustavo e a nova política nacional da Lei Aldir Blanc garantem repasses regulares por cinco anos, permitindo a aplicação de aproximadamente R$ 90 mil anuais no município. No entanto, foi evidenciado que parte dos recursos de 2023 ainda não foi utilizada, gerando debates sobre a melhor forma de aplicação desses valores.
Vereadores e artistas locais levantaram questionamentos sobre a falta de clareza na destinação do dinheiro. A vereadora Brenda Araújo apontou que a proposta inicial de reforma de um centro cultural não havia sido debatida com a população. Sara Prado enfatizou que todas as decisões precisam passar por escuta social, garantindo que os recursos sejam alocados conforme a real necessidade dos artistas e produtores culturais.
Valorização da Cultura Indígena e Popular
Outro ponto central da audiência foi a inclusão e valorização da cultura indígena. A cineasta Olinda Tupinambá ressaltou a falta de visibilidade para os artistas locais, apesar de muitos já possuírem reconhecimento fora do município. O pesquisador Adalto enfatizou a importância da preservação das línguas indígenas e pediu mais apoio para projetos voltados à identidade cultural dos povos originários.
O escritor Joselito destacou a ausência de incentivos para a literatura local, questionando quando escritores e poetas da cidade terão acesso aos fundos culturais. “Estamos cansados de ver grandes nomes nacionais receberem milhões, enquanto os artistas locais são lembrados apenas em eventos esporádicos, sem remuneração adequada”, afirmou.
Próximos Passos e Encaminhamentos
O evento encerrou-se com um compromisso da gestão municipal em revisar a destinação dos recursos e promover novas reuniões para alinhar as necessidades do setor cultural. A expectativa é que a distribuição dos fundos seja mais democrática e contemple todas as expressões artísticas da cidade, desde as tradicionais até as contemporâneas.
A audiência marcou um passo importante para a estruturação de políticas culturais sólidas em Pau Brasil, reforçando a necessidade de diálogo constante entre a administração pública e os agentes culturais para a construção de uma cultura inclusiva e acessível a todos.