O presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou no sábado (1º de março) que o Mercosul só serviu para “enriquecer os industriais brasileiros”. A declaração foi feita durante seu discurso anual no Congresso, em Buenos Aires.
Milei também expressou seu desejo de negociar um acordo comercial com os Estados Unidos e disse estar disposto a flexibilizar ou até mesmo sair do Mercosul para isso.
“O único resultado do Mercosul desde sua criação foi enriquecer os grandes industriais brasileiros, enquanto os argentinos ficaram mais pobres”, afirmou.
O Mercosul foi fundado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Em janeiro, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Milei já havia sinalizado que poderia deixar o bloco para fechar um acordo de livre comércio com os EUA. “Se essa fosse a única opção, sim”, disse na ocasião.
No Congresso, Milei explicou que a “motosserra” usada como símbolo de seu governo representa uma nova era para a Argentina. “Hoje, a motosserra simboliza o início de uma nova era dourada. Agora, em vez de ir contra o mundo, a Argentina está na vanguarda”, declarou.
Segundo ele, o mundo está de olho na Argentina e, em alguns casos, até se inspira em suas medidas, citando Elon Musk e sua atuação na desregulamentação dos Estados Unidos.
Milei também falou sobre mudanças na segurança, migração, justiça e na Lei de Comunicação Social. Ele finalizou seu discurso destacando as transformações feitas no último ano e pediu que a população avalie seu governo pelos resultados alcançados.
O Impacto da Saída da Argentina do Mercosul
A possível saída da Argentina do Mercosul teria grandes consequências econômicas e políticas para o bloco. O país é a segunda maior economia do grupo, atrás apenas do Brasil, e um dos principais parceiros comerciais dos demais membros. Se a Argentina sair, o Mercosul perderia força como bloco econômico e poderia enfrentar dificuldades em acordos internacionais.
Para o Brasil, a saída argentina impactaria setores estratégicos, como o agronegócio e a indústria, já que o país vizinho é um dos principais destinos das exportações brasileiras. Além disso, poderia enfraquecer a integração regional e comprometer negociações conjuntas com outras economias globais.
Já para a Argentina, deixar o Mercosul significaria abrir mão de benefícios comerciais dentro do bloco, como a isenção de tarifas para exportações e importações entre os países-membros. No entanto, Milei acredita que um acordo direto com os Estados Unidos poderia compensar essas perdas e impulsionar a economia argentina.
O futuro do Mercosul agora depende das próximas decisões do governo argentino e da reação dos outros países-membros. Caso a saída se concretize, o bloco poderá passar por uma reestruturação ou até perder relevância no cenário internacional.