Déficit da Previdência pode saltar para mais de 11% do PIB até 2100, enquanto número de contribuintes diminui e população envelhece
O verdadeiro rombo do INSS está só começando
Aposentar-se no Brasil está se tornando um desafio cada vez maior. Segundo projeções do próprio governo federal, o déficit da Previdência Social deve explodir nas próximas décadas, saindo de 2,58% para 11,59% do PIB até 2100 — um aumento que coloca em xeque a sustentabilidade do sistema.
Esse cenário preocupante é agravado pela rápida transformação demográfica do país. O Brasil está envelhecendo: hoje, existem mais pessoas com 40 anos ou mais do que crianças de até 4 anos. Enquanto 12,7 milhões de brasileiros estão na primeira infância, o grupo dos “quarentões” ultrapassa 36 milhões.
Além disso, a população em idade ativa (entre 16 e 59 anos) encolheu quase 20% desde 2010, diminuindo a base de contribuintes que sustentam os aposentados de hoje.
Como funciona o sistema?
O modelo do INSS é por repartição simples. Isso significa que quem trabalha atualmente paga os benefícios de quem já se aposentou. Diferente de um fundo individual, o sistema depende diretamente da contribuição ativa da população — o que se torna insustentável quando há mais saídas (benefícios) do que entradas (contribuições).
A reforma da Previdência, aprovada em 2019, tentou corrigir parte do problema ao fixar idade mínima para aposentadoria e aumentar o tempo de contribuição. No entanto, especialistas apontam que essas medidas foram apenas paliativas frente ao que está por vir.
O que está em jogo?
Se o desequilíbrio continuar, o risco é de colapso no sistema — afetando não apenas os trabalhadores mais jovens, mas também aqueles que já estão próximos da aposentadoria. E diante do atual cenário fiscal do país, uma nova reforma pode ser inevitável.