Conclave: como será a escolha do novo Papa

Na próxima quarta-feira, 7 de maio, 133 cardeais de várias partes do mundo vão se reunir em um momento raro e simbólico da Igreja Católica: o conclave, a cerimônia que escolhe o novo papa, sucessor de Francisco.
“Hoje, 80% dos cardeais que vão eleger o novo Papa foram escolhidos pelo próprio Francisco”, explica André Leonardo Chevitarese, professor de História da UFRJ. Isso pode aumentar as chances de eleição de um papa com perfil parecido ao dele — mais progressista e inclusivo.
A escolha acontece em um ambiente fechado e cheio de tradição: a Capela Sistina, dentro do Vaticano. O processo é sigiloso e segue rituais que não mudam há séculos.
Segundo as regras da Igreja, a eleição deve acontecer entre 15 e 20 dias após a morte do Papa. Isso significa que o novo pontífice deve ser escolhido até o dia 11 de maio.
Por que se chama “conclave”?
A palavra “conclave” vem do latim cum clave, que quer dizer “com chave”. Isso porque os cardeais ficam isolados, sem acesso a celulares, internet ou qualquer comunicação externa. O objetivo é garantir que a escolha seja feita com total liberdade e foco espiritual.
“É uma forma de proteger o processo de influências externas”, explica Brenda Carranza, professora de Antropologia da Religião na Unicamp.
Quem vota?
Somente cardeais com menos de 80 anos podem votar. Neste conclave, serão 133 eleitores, representando todos os continentes.
“O grupo atual é mais diverso do que no passado, com destaque para países do chamado sul global, como Brasil, Filipinas, Nigéria e Congo”, afirma Carranza.
Como é feita a votação?
A votação é feita com cédulas de papel. São realizadas até quatro votações por dia: duas de manhã e duas à tarde. Para eleger um novo papa, o candidato precisa receber ao menos dois terços dos votos.
Depois de cada votação, os votos são queimados. Se o resultado for inconclusivo, a fumaça que sai da chaminé é preta. Se um papa for eleito, a fumaça é branca — sinal de que temos um novo líder: Habemus Papam.
Quem são os possíveis eleitos?
A lista oficial é mantida em segredo, mas alguns nomes costumam ser comentados por especialistas:
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Péter Erdő (Hungria) – Conservador e experiente, tem apoio de parte dos cardeais.
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Gerhard Ludwig Müller (Alemanha) – Já foi considerado forte, mas enfrentou polêmicas recentes.
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Pietro Parolin (Itália) – É o atual Secretário de Estado do Vaticano, respeitado por sua diplomacia, mas sem grande experiência pastoral.
Apesar das especulações, o professor Paulo Raphael Oliv. Andrade, da PUC-SP, destaca: “Só dentro do conclave é possível entender de verdade como a escolha acontece. Existem alianças, debates e muitas reações às necessidades atuais da Igreja”.
O que muda com o novo Papa?
O novo papa poderá escolher um novo nome, definir prioridades para a Igreja e influenciar debates globais, como migração, justiça social, meio ambiente e conflitos armados.
Além de ser líder espiritual dos católicos, ele também é o chefe de Estado do Vaticano — uma figura com grande peso político no mundo.
“O Papa nunca é neutro. Ele fala a partir dos valores do Evangelho, com clareza, mesmo sem tomar partido político”, afirma o professor Andrade.
Frei David Santos, da EDUCAFRO Brasil, concorda: “O Papa é chamado a ser voz de justiça, paz e esperança. Se ele se calar, trai sua missão”.