ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil, demonstrou, durante suas declarações na Lavagem do Bonfim, um ajuste estratégico em relação às eleições passadas, nas quais disputou o governo da Bahia e foi derrotado. Sua análise crítica da chamada chapa “puro sangue” do PT, formada por Jaques Wagner, Rui Costa e Jerônimo Rodrigues, não apenas enfatiza a repetição do modelo político petista no estado, mas também aponta para uma autocrítica implícita sobre as falhas de sua própria campanha em 2022.
Naquele pleito, a candidatura de Neto foi marcada por um desempenho individual sólido, mas faltou um trabalho de articulação mais robusto com partidos aliados e setores estratégicos. O isolamento político acabou por enfraquecer a sua capacidade de agregar apoios relevantes e disputar com maior competitividade a hegemonia de um grupo político consolidado há mais de 20 anos.
Agora, o discurso de Neto aponta para uma mudança significativa nessa abordagem. Ao enfatizar a necessidade de uma “construção ampla e plural”, que envolva múltiplos partidos e represente um sentimento de mudança para a Bahia, ele sinaliza que a oposição está aprendendo com os erros do passado. A estratégia proposta busca criar uma base diversificada de apoio, ampliando sua penetração em diferentes segmentos do eleitorado e fortalecendo alianças capazes de rivalizar com a estrutura consolidada do PT.
Essa reconfiguração não apenas amplia o alcance da oposição, mas também responde à crítica de que sua candidatura anterior foi excessivamente centralizada. Ao prometer um processo de articulação mais abrangente e inclusivo, Neto tenta construir um campo político mais competitivo, que possa romper com a polarização histórica e oferecer uma alternativa consistente ao eleitorado baiano em 2026. Se bem-sucedida, essa estratégia pode representar um divisor de águas para a oposição na Bahia, redefinindo o cenário político local.