Polícia Federal prende suspeitos de ligação com PCC e máfia italiana
A Polícia Federal prendeu, em São Paulo, dois suspeitos de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a máfia italiana ‘Ndrangheta.

Entre os presos está o doleiro Thareck Mourad, apontado como elo entre as duas organizações criminosas. Segundo as investigações, ele usava um prédio comercial na Zona Sul de São Paulo e um escritório em Roma para movimentar dinheiro do tráfico internacional. Os pagamentos eram feitos por um sistema paralelo chamado “dólar cabo”, que permite a transferência de valores sem que o dinheiro cruze fronteiras fisicamente.
Mourad teria ligação com William Barile Agati, preso em janeiro e suspeito de ser um operador do PCC. O Ministério Público Federal do Paraná acusa os dois, junto com outras 12 pessoas, de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa.
As investigações apontam que a cocaína vinha da Colômbia, Bolívia e Peru, entrava no Brasil por estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná e seguia para a Europa, especialmente Espanha e Bélgica, por meio de portos e aviões.
Outro preso na operação foi Marlon dos Santos, integrante do PCC suspeito de ajudar no envio de drogas pelos portos de Paranaguá e Santos. Ele teria participado de reuniões com membros da máfia italiana.
A polícia conseguiu identificar os criminosos através de mensagens trocadas em um aplicativo sem exigência de cadastro real. Em uma conversa interceptada, eles mencionam dificuldades para decolar um avião com uma tonelada de cocaína escondida no piso e nos bancos da aeronave.
A quebra de sigilos bancário e fiscal revelou uma complexa rede de lavagem de dinheiro, movimentando bilhões de reais entre empresas de fachada. Agati, por exemplo, era sócio de pelo menos oito empresas e participou da criação de um empreendimento imobiliário de R$ 3,5 milhões, que, na verdade, já havia sido construído nove anos antes.
Segundo a procuradora da República Hayssa Kyrie Medeiros Jardim, criminosos disfarçados de empresários misturam dinheiro ilícito com negócios legítimos, dificultando a investigação. O acesso às mensagens trocadas no aplicativo foi fundamental para comprovar o vínculo entre o tráfico e as operações financeiras.
A defesa de Tharek Mourad afirma que ele já foi solto por habeas corpus e que sua prisão foi arbitrária. Já os advogados de William Barile Agati sustentam sua inocência e dizem que isso será provado no decorrer do processo.